2009-09-22

Poemas - Praça

Baseado em fatos reais. Ou imaginários. Tanto faz.

Praça

Num banco de praça, ao ar livre, sentados,
Ela no colo dele, um casal de namorados,
Trocavam carícias, beijos e abraços.

Do outro lado, um senhor em seu hábito matinal,
De ler sob a velha figueira, o seu jornal,
Ignorava a multidão e seus passos.

E passam pelos bancos, vendedores ambulantes,
Anunciando coisas - pra eles - interessantes,
Indo e vindo como o sangue em uma veia.

O casal apaixonado se separa, beijos e despedidas,
O senhor termina o jornal, já viu toda a vida,
Mas a praça continua como uma teia.

praça xv de novembro florianópolis
Agora uma senhora, bem vestida e arrumada,
Que apesar do ar tenso, vê-se que não apressada,
Tira da bolsa e folheia, uma revista.

Outro casal, de passos lentos e mãos dadas,
Jovens de roupas simples, mas bem arrumadas,
Dividem o sorvete, uma casquinha mista.

Ela dá uma lambida, e depois é dele a vez,
Vão se beijando assim, sem um beijo francês,
E lentamente se afastam da praça.

Uns senhores de idade, barulhentos e animados,
Com seus dominós, altivos e nada cansados,
Brincam e jogam com toda a sua raça.

praça xv de novembro florianópolis
Estes ficarão, por um bom tempo ainda, assim.
E a senhora e a sua revista, já no fim,
Se levanta, se apruma, e vai embora.

Às vezes passam senhores engravatados,
Com suas pastas, ternos e cabelos alinhados.
Estes nunca ficam; vão-se sem demora.

Loiras, morenas, desfilando como numa passarela,
Pela praça, emprestando a sua beleza a ela,
Gostam e sabem que viram assunto.

E assim, com a árvore centenária testemunhando,
Essas curtas histórias de vida, passando,
Deixam a praça, mas a levam junto.

2 comentários:

Aquela que te observava a observar disse...

ah! mas, que beleza isso...

amado, você tem tanto talento escrevendo assim. Sério mesmo. E você sabe que das letras eu (penso que) entendo, né?

beijo,

gostei muito. Melhorou minha conturbada semana!

disse...

Bem que eu gosto de um banco de praça...

Bjo