2010-09-30

'Trabalho no setor de RH e sei que um amigo será demitido. Como agir?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 29/09/2010, sobre o dilema de manter um processo em sigilo ou contar para um amigo que ele será despedido.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Trabalho no setor de RH e sei que um amigo será demitido. Como agir?'

boca fechada sigilo profissional
O caso de hoje é uma tremenda saia justa. Uma ouvinte que atua na área de Recursos Humanos escreve para contar que foi solicitada a iniciar um processo confidencial de seleção, para substituir um funcionário antigo de casa. Acontece que esse funcionário é amigo pessoal da nossa ouvinte, amizade mesmo, de muitos anos.

Agora, se a nossa ouvinte contar para o amigo que ele está na marca do pênalti, pronto para ser chutado, ela estaria desobedecendo a uma determinação superior para manter o processo em absoluto sigilo. Se ela não disser nada, quase certamente perderá o amigo.

Nossa ouvinte já sabe que a solução mais fácil, a de eventualmente transferir o funcionário para outra área está fora de cogitação. A diretoria decidiu pela demissão e não vai mudar de ideia.

Dividida entre a amizade e o zelo profissional, a nossa preocupada ouvinte pergunta: "Qual seria o melhor caminho?"

Bom, o caminho mais profissional é manter o processo em sigilo. Ao ser contratada para exercer sua a atual função, a nossa ouvinte assumiu um compromisso: o de seguir as determinações superiores. A amizade dela com o futuro demitido é um fator casual, que não pode se sobrepor a obrigação profissional.

Isso posto, eu, se estivesse no lugar dela, falaria com o amigo. Diria a ele para se preparar para uma possível demissão, sem afirmar que ele será demitido. Se ele não entender a óbvia mensagem e perguntar: "Por que, eu vou ser mandado embora?", eu diria para ele que essa possibilidade existe e que seria conveniente ele estar preparado. Eu também me colocaria a disposição para orientá-lo, para ajudá-lo a preparar um currículo e para marcar eventuais entrevistas.

Quando finalmente a notícia da demissão for dada, eu deixaria claro que fiz tudo que estava ao meu alcance para evitar a demissão, mas a intransigência dos superiores estava acima de minhas forças.

Este é um caso que os ouvintes racionais fariam uma coisa e os ouvintes emocionais fariam outra. Não há uma solução perfeita. E a menos imperfeita seria a de tentar preservar a amizade, mas sem o risco de comprometer a carreira.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Ana P. disse...

É mais ou menos como aquela velha questão de você ver um amigo sendo traído, e aí, contar ou não contar.

Eu sei lá. Minha vida já tem seus mini dramas demais pra eu ficar inventando mais algum, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!

Saudade de comentar, acho que fui dominada pelo vírus da preguiça.