2011-01-30

Filme: Amor e Outras Drogas

Alguém já disse que o amor e/ou a paixão são como drogas. Viciam, mexem com as estruturas químicas do nosso corpo, e têm efeitos colaterais... É sem dúvida, uma boa metáfora ou mesmo definição para algo tão abstrato quanto esses sentimentos. Dito isso, o filme Amor e Outras Drogas (ou Love and Other Drugs tem um nome inspirado, mas que na prática, poderia ter dispensado o "outras drogas".

filme amor e outras drogas jake gyllenhaal anne hathaway poster cartaz

No filme, Jake Gyllenhaal é Jamie Randall, um vendedor nato, carismático, charmoso e sobretudo, mulherengo. Ele acaba sendo contratado como representante da indústria farmacêutica (Pfizer), o que é um nome bonito pra vendedor de remédios. Seu trabalho é convencer os médicos a receitarem os remédios da sua empresa, ao invés dos da concorrente. Ou ao invés de nada. Bem, isso não importa, pelo menos no filme. Por um encontro fortuito do destino (e envolvendo um exame de mamas), Jamie conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem artista com doença de Parkinson. Por causa da sua doença, ela não quer ter relacionamentos firmes, mas apenas sexo casual, o que combina com Jamie. E óbvio, eles vão se apaixonar e ficar juntos no final (oh! que surpresa!). Mas não antes de superarem dificuldades, como Jamie com seu trabalho (que, sem trocadilhos, sofre um impulso com a chegada de certa pílula azul), ou com Maggie aceitando que sua vida é maior que a sua doença.

Romances, pelo menos no cinema, são todos bem parecidos. A estrutura básica é a mesma, o que acaba mudando são os detalhes. Que fazem toda a diferença! (Sim, uma frase clichê.)

filme amor e outras drogas jake gyllenhaal anne hathaway
Amor e Outras Drogas quase acerta nos detalhes, mas fica mais no flerte do que na coisa propriamente dita. O primeiro diferencial seria, como o título expõe, a questão da indústria farmacêutica e seus métodos (nem sempre éticos) para vender os seus produtos (como em uma cena do treinamento de Jamie para o trabalho). Essa questão é abordada de leve logo no começo do filme, antes de entrar a parte romântica. A discussão é na verdade deixada de lado, em prol de momentos cômicos, como nas primeiras abordagens de Jamie aos médicos. E, apesar do roteiro querer mostrar alguma relevância sobre o assunto, como quando um médico discursa sobre os perigos de se receitarem cada vez mais antibióticos, criando assim superbactérias, no final das contas o roteiro acaba fazendo é uma apologia ao uso de todos esses medicamentos, o que fica bem claro ao mostrar o mendigo que se beneficia de certas amostras grátis de Prozac.

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De fato, toda a questão da indústria farmacêutica é tão levemente abordada, que é estranho saber que o filme é baseado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman, numa tradução livre: "Duro de Vender: A Evolução de um Vendedor de Viagra". Não li o livro, mas li algumas resenhas sobre ele, e é nitidamente destoante os tons do filme com a abordagem do livro, que dizem ser de um humor cáustico e sarcástico com vários podres desse grande lobby de vendas de remédio, escrito por Jamie Reidy, um ex-vendedor da Pfizer.

Mas voltemos ao filme.

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Outro detalhe que Amor e Outras Drogas apenas flerta, mas não se aprofunda em suas consequências, é em relação à doença de Maggie, a doença de Parkinson, uma doença degenerativa e que não tem cura. O verdadeiro drama desse aspecto demora para aparecer (mais para o terço final do filme), quando a trama aprofunda no drama. Entretanto, filmes de amor com um dos apaixonados doente não é novidade desde Dying Young (passando pelo mais recente Um Amor para Recordar), esse sim, feitos explorando ao máximo a coleta de lágrimas da espectadora (sim, o público alvo deles é feminino). Nesse ponto, Amor e Outras Drogas acertadamente não descamba para um drama choroso. Em compensação, também não se aprofunda na questão, ficando no clichê "jornada aos hospitais em busca de uma cura". Indústria farmacêutica, oi?

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Amor e Outras Drogas, apesar de ter como assunto o boom do Viagra nos anos 90, tem pouca coisa picante. Sim, tem cenas de sexo bem feitas, com uma ótima química entre os protagonistas, mas nada visualmente ousado. Se, no entanto, não tem visual, tem boas insinuações, com ótimos diálogos e direito a um video caseiro que eles gravam (mesmo que naquela época os vídeos amadores não estivessem tão em moda quanto hoje em dia). E tem também Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal pelados no filme (o que equivale a dizer que pode ser que - e provavelmente - estavam usando tapa-sexos, pois é óbvio que não tem nú total). Mas se Hathaway não "mostra suas vergonhas", como diziam os antigos, ela também não mostra vergonha em mostrar os seios. Ponto positivo, claro!

Outro ponto positivo é a atuação e a química entre os dois protagonistas. Hathaway e Gyllenhaal fazem excelentes performances, se mostram descontraídos e até se divertindo em frente às câmeras. Entre os coadjuvantes, boas performances, com destaque para Josh Gad como Josh, irmão de Jamie e alívio cômico em cena.

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Pode ser que tenha ficado na impressão de quem foi corajoso de ler até aqui, que eu achei ruim o filme dirigido por Edward Zwick. Não é o caso. Amor e Outras Drogas é apenas convencional. Um filme de romance bacana e bem feito, mas apenas convencional. O que não significa que seja ruim, ao contrário, o filme é bom, e principalmente a mulherada deve amá-lo. Enfim, Amor e Outras Drogas entrega bastante amor. Mas não é marcante (ou revolucionário) como foi o lançamento da pílula azul.

Trailer:



Para saber mais: crítica no Omelete.

3 comentários:

Ju ♥ disse...

vou ver.

Anônimo disse...

voce sabe me dizer qual o nome da música que toca quando acaba o filme ?

Andarilho disse...

Não sei, mas deve ser uma das listadas aqui:

http://www.imdb.com/title/tt0758752/soundtrack