2011-04-24

Filme: Rio - em 3D

Começo dizendo que não gosto da trilogia A Era do Gelo, tanto que nem assisti ao terceiro filme (o primeiro achei fraco e o segundo me fez dormir). Por isso, a frase "dos criadores de A Era do Gelo" no cartaz da animação Rio não só não me empolgou, como também me deixou com um certo receio. Que no final foi injustificado, pois Rio é sim, uma bobagem, mas uma bobagem divertida.

filme rio poster cartaz

Se na época do primeiro "A Era do Gelo" a diferença entre os filmes da Pixar e das concorrentes (qualquer que fosse) era gritante, tanto em termos técnicos quanto no desenvolvimento da história, hoje, pelo menos na parte técnica da animação, essa diferença não existe mais (pelo menos para alguns estúdios maiores, como o Blue Sky deste filme Rio). Entretanto, a parte que concerne o desenvolvimento da história, essa ainda a maioria come poeira da Pixar (apesar de termos um ou outro concorrente a altura, como o recém exibido Rango).

Rio é um representante desse tipo de animação: impecável tecnicamente, mas com uma história rasa e bobinha, mas que agrada a uma faixa etária mais baixa. E nem discuto a ambientação totalmente fantasiosa da cidade do Rio de Janeiro, já que o Rio do filme é aquele feito pra ser vendido a turistas, e que só reforça clichês que estrangeiros têm em mente em relação ao Brasil, como sermos o país do futebol, samba e mulheres (o que nem sempre causa boa impressão, vide esta propaganda nsfw aqui). O irônico é que o diretor de Rio é justamente um brasileiro, Carlos Saldanha.

filme rio

Rio conta a história da ararinha azul Blu, o último macho da sua espécie. Tendo sido levado da floresta quando filhote, foi parar no distante estado de Minessota nos Estados Unidos, e por acidente caiu nas mãos de Linda, sua dona e com quem cresceu. Tanto Linda e Blu vivem numa espécie de mundinho particular, tanto que Blu nunca aprendeu sequer a voar. Um dia, o cientista-nerd-adorador-de-pássaros Tulio entra na vida dos dois, convidando-os a irem ao Rio de Janeiro, onde Jade, a última arara da espécie se encontra, para procriarem e salvarem a espécie. Já no Rio de Janeiro, Blu e Jade promovem aquele clichê de comédia romântica em que os protagonistas a princípio não se bicam, mas depois se apaixonam, isso enquanto fogem de traficantes de animais que têm uma cracatua como principal ajudante, encontram amigos pelo caminho como um tucano com jeito de malandro e um cachorro que adora Carmen Miranda, isso tudo passando por pontos turísticos do Rio de Janeiro.

filme rio

Com bastante parte do seu humor vindo do pastelão e dos clichês brasileiros-carnavalescos (não faltam marmanjos em fantasias, digamos... femininas demais), Rio também investe bastante na aventura. O problema é o desbalanceamento entre os gêneros, que passa da perseguição para a aventura para a comédia romântica para a superação... A sensação que fica é que com muitas boas ideias, quiseram colocá-las todas juntas, o que nem sempre flui bem.

filme rio

Graficamente excelente, o único momento em que Rio se perde é quando mostra a cidade do alto de dia, fazendo com que a cidade pareça mais uma maquete com bloquinhos. Fora esse detalhe, a ambientação no Rio traz a lembrança filmes antigos, como se o diretor resgatasse um Rio com menos problemas de antigamente, uma época mais romântica e pontuada pela bossa nova (e a cena do jantar de Tulio e Linda ilustra isso perfeitamente). Quanto ao 3D, é eficiente e bem usado, mas não faz uma grande diferença narrativa. Ou seja, assistir sem o 3D vai lhe conferir uma experiência praticamente igual (isso se você não for novato ao assistir filmes em 3D, tendo a magia da novidade já passado).

filme rio
Não poderia faltar praia e bunda num filme do Rio.

Mesmo tendo defeitos (e se você considerar a geografia carioca, que pra passar pra qualquer lugar do Rio você tenha que atravessar o sambódromo, então tem muito mais defeitos), o filme Rio é divertido. Tem algumas boas sacadas (os micos-ladrões-trombadinhas, por exemplo), e é o tipo de filme leve e bobinho que você leva o sobrinho pentelho pra comer pipoca e tomar refrigerante e morrer com uma overdose de açúcar no sangue. Enfim, é aquele tipo de filme que não é excepcional, mas que é simpático e não ofende ninguém. A não ser, claro, quem mora no Rio e acha que os filmes, mesmo animações, devem retratar com fidelidade a cidade. Nesse caso, passe longe, até porque números musicais de samba, mesmo com pássaros (e até flamingos), não devem fazer parte do cotidiano de lugar algum.

Trailer:

Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.

Um comentário:

Ju ♥ disse...

quero muuuuito ver esse filme.
até participei de um sorteio, ganhei um par de ingressos, camiseta e canudo (?) do filme, agora é só pegar e partir pra diversão.