2013-01-14

'Minha empresa tem determinadas práticas que contrariam a ética' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 14/01/2013, com um ouvinte que está preocupado porque sua empresa tem práticas que contrariam a ética.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Minha empresa tem determinadas práticas que contrariam a ética'

ética

"Sou cristão", um ouvinte escreve, "e venho enfrentando um problema de consciência. A empresa em que trabalho tem determinadas práticas que contrariam a ética. Ou, para usar um termo mais forte, desonestidade. Vejo isso ocorrer e não me sinto bem compactuando calado com a situação, embora pessoalmente eu ainda não tenha sido solicitado a fazer algo errado. Em sua opinião, devo expôr a minha preocupação a meus superiores?"

Vamos lá. Eu acredito que essa pergunta poderia ser melhor respondida por uma autoridade espiritual da crença específica que você professa. Porém, posso emitir uma opinião ampla. Compactuar com desvios éticos ou desonestidade explícita não é algo restrito a quem possui fortes valores religiosos. Se fosse assim, um ateu estaria desobrigado de ser profissionalmente honesto.

A verdadeira questão é: os valores morais são suficientemente fortes para que alguém decida abrir mão de um bom emprego e um bom salário? Suponho que a grande maioria dos ouvintes irá responder que sim, que a ética individual deve ser inquestionável. Mas quantas pessoas, cada um de nós, pode citar, nominalmente, que um dia pediram a conta por discordar de um procedimento anti-ético da empresa em que trabalhavam, sem que estivessem diretamente envolvidas nas ilegalidades praticadas? Eu não conheço nenhuma. Como também não conheço alguém que levou seu mal-estar com a situação ao conhecimento da alta direção, sabendo que isso quase certamente lhe custaria o emprego.

O filósofo Diógenes cansou de brandir a sua lanterna procurando um homem honesto. Dois milênios depois, o homem integralmente honesto continua sendo uma raridade. O que mudou é que hoje há uma imensidão de gente brandindo lanternas.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Tava com saudades de te ler. andei um tanto ausente.

Eu acredito que prá vivermos nos dias de hoje, precisamos separar nossa vida pessoal da profissional, porém sem deixar que nossos valores se percam.

bjs