2013-06-28

'Tenho receio de trabalhar sem carteira assinada' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 28/06/2013, com um ouvinte que trabalha sem carteira assinada e quer saber quais as consequências disso.

Áudio original disponível no site da CBN. E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Tenho receio de trabalhar sem carteira assinada'

carteira assinada

Um ouvinte escreve: "Trabalho há mais de dois anos em uma empresa de pequeno porte, sem carteira assinada. Sei que esse arranjo contraria a legislação, mas, por outro lado, entendo que ele é vantajoso para o meu patrão e conveniente para mim, do ponto de vista salarial. Porém tenho receio de que essa situação possa se voltar contra mim, em algum momento. Se eu for dispensado ou se a empresa falir, não vou ter direito a nada. O que você poderia me dizer?"

Vamos lá. Para começar, metade dos trabalhadores brasileiros está na mesma situação que você, trabalhando na informalidade. Apenas recentemente o Ministério do Trabalho divulgou que o número de empregados com carteira assinada no Brasil havia superado pela primeira vez na história, o número de empregos informais.

A desvantagem é que você não tem direito a Fundo de Garantia, assistência médica e aposentadoria. Uma pequena parte do valor que o seu patrão deveria recolher, sob a forma de contribuição sindical, está indo diretamente para o seu bolso, dando-lhe a impressão de um arranjo conveniente, como você mesmo disse. Mas essa é uma visão muito imediatista. No longo prazo você sentirá muita falta desses benefícios proporcionados por lei.

Como não creio que você irá conseguir mudar o modo de pensar do seu patrão, eu lhe sugiro fazer alguns cálculos e começar a procurar um emprego dentro da lei. Se você aceitar um emprego com carteira assinada, ganhando um salário bruto 20% inferior ao que recebe atualmente, e agregar a ele os benefícios que você hoje não tem, no fim das contas você sairá no lucro e não no prejuízo.

E não se preocupe com o que você vai dizer sobre a sua situação atual em uma entrevista. Qualquer entrevistador sabe qual é a real situação do mercado de trabalho. E não considera que o trabalhador informal seja um profissional de segunda classe.

Max Gehringer, para CBN.

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