2010-05-18

'Uma colega foi demitida e fui chamada para depor a favor da empresa' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 18/05/2010, com uma delicada situação, onde uma ouvinte deve decidir se encobre a verdade e mantém o emprego, ou se diz a verdade e ajuda uma ex-colega.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Uma colega foi demitida e fui chamada para depor a favor da empresa'

juiz
Uma consulta bastante delicada. Escreve uma ouvinte: "A minha empresa contrata seus executivos como pessoas jurídicas. Eu e meus colegas sabíamos disso quando entramos, e estamos satisfeitos com essa situação. Acontece que uma colega nossa foi desligada da empresa e entrou com uma ação trabalhista requerendo direitos de funcionária efetiva. Fiquei em uma situação difícil, porque fui chamada a testemunhar a favor da empresa e contra a minha colega. Que atitude eu devo tomar?"

Muito bem. Em qualquer processo trabalhista, testemunhas podem ser convocadas a depor. Isso vale tanto para as testemunhas da empresa, quanto do reclamante. Nesse caso, não importa se um funcionário deseja ou não testemunhar. Ele é obrigado a atender a convocação. Portanto, a nossa ouvinte não tem a opção de dizer que não vai.

Assim que a audiência for marcada, o advogado da empresa vai se reunir com a nossa ouvinte e prepará-la para as perguntas que serão feitas pelo advogado da ex-colega reclamante. Nessa reunião prévia, nossa ouvinte poderá ser orientada a, digamos assim, ser cuidadosa com a verdade. Se ela disser que trabalha oito horas por dia dentro da empresa, com horário para entrar e para sair, e que o chefe direto dela é funcionário da empresa, a ex-colega certamente ganhará a causa. Portanto, o advogado da empresa para ter sucesso na ação trabalhista, dependerá de que nossa ouvinte diga, por exemplo, que não cumpre horários e que vai à empresa só de vez em quando.

Seria muito fácil eu sugerir que a nossa ouvinte diga a verdade e somente a verdade. Mas eu não estou na pele dela. Não sei o quanto ela depende do emprego. Não sei se ela conseguiria outro emprego semelhante se perdesse o atual.

Se a nossa ouvinte optar por dizer a verdade, mesmo que com isso prejudique a empresa e eventualmente perca o emprego, ela só merece elogios pela retidão e pela sinceridade. Porém, esse é um daqueles casos em que é muito simples dizer o que os outros devem fazer. Mas deixa de ser tão simples quando nós nos colocamos no lugar dos outros.

Max Gehringer, para CBN.

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